Moção
Gondomar e as verbas do Quadro Comunitário 2014/2020
A prevista atribuição de verbas no âmbito do próximo quadro comunitário tem suscitado discussão pública. E com toda a razão. Não apenas pela dimensão dos fundos disponibilizados (aos 21 mil milhões de euros dos programas temáticos e regionais acrescem 3,5 mil milhões para o desenvolvimento rural), mas principalmente porque ao longo dos diversos Quadros Comunitários de Apoio tem ocorrido uma distribuição dos recursos financeiros em prejuízo da região Norte, a 37ª região mais pobre da U.E.
Há demasiado tempo, a região Norte tem vindo a apresentar o mais baixo PIB per capita do país. E entre 1997 e 2007 o PIB regional até baixou, apesar dos mais de 3 mil milhões de euros atribuídos. A centralização na distribuição dos fundos deu mau resultado.
A necessidade de maior equidade na distribuição inter-regional dos fundos estruturais é bem evidente. E no combate contra as assimetrias regionais, a intervenção das regiões e dos municípios quanto aos montantes e às áreas de aplicação dos fundos é essencial.
No âmbito das designadas infraestruturas de elevado valor acrescentado, não é previsto o reforço da infraestrutura aeroportuária ou da rede de ferrovia ligeira (Metro) para melhorar a mobilidade entre a população do nosso concelho com as da área metropolitana do Porto. E para a reabilitação urbana e requalificação de equipamentos, não há ainda garantias de atribuição de verbas comunitárias.
Na definição das políticas do agora designado Acordo de Parceria (AP 2014-2020) há sinais inquietantes: entidades de âmbito regional como os Conselhos Regionais ou as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento, não estão representadas nos órgãos de gestão central ou nas estruturas de acompanhamento. É uma Comissão Interministerial de Coordenação que tudo dirige e tudo controla..
A passagem da gestão dos fundos europeus para a Presidência do Conselho de Ministros é a insistência no centralismo de tão desastrosas consequências. É o reforço das desigualdades territoriais. E a recente decisão governamental de extinguir a Direção Regional da Economia do Norte ou o discurso dominante contra todo o investimento público, só agravam as assimetrias regionais.
Sem a regionalização administrativa, inscrita na Constituição de 1976, não há equidade territorial nem progresso social. Sem regionalização não há responsabilização pela aplicação das verbas comunitárias. Sem investimento público gerador de emprego e socialmente útil, agravam-se as desigualdades sociais.
A Assembleia Municipal de Gondomar, reunida em 28 de Fevereiro de 2014, tendo em conta a importância do município de Gondomar no contexto do noroeste peninsular, na região Norte e no país, defende:
1– Que o município do Gondomar seja parceiro efetivo (e não virtual) no processo de distribuição e controlo da aplicação de fundos comunitários;
2– Que seja desbloqueado o processo da regionalização administrativa, para alcançar a coesão territorial do país e permitir a responsabilização política na utilização dos financiamentos públicos.
3 – Que o investimento público com impacto social seja ativado como gerador de emprego e resposta à situação de depressão económica e social particularmente grave nesta região.
O Deputado Municipal de Gondomar do Bloco de Esquerda